quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Compromisso Afetivo

O dever íntimo do homem fica entregue ao seu livre-arbítrio. O aguilhão da consciência, guardião da probidade interior, o adverte e sustenta; mas, muitas vezes se mostra impotente diante dos sofismas da paixão. Fielmente observado, o dever do coração eleva o homem; porém, como determiná-lo com  exatidão?  Onde começa ele?  O dever principia sempre, para cada um de vós, do ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranquilidade do vosso próximo; acaba no limite que não desejais ninguém transponha com relação a vossa.  (O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – Cap. XVII, Item 7)

A guerra efetivamente flagela a Humanidade, semeando terror e morticínio, entre as nações; entretanto,  a  afeição  erradamente  orientada,  através  do  compromisso escarnecido, cobre o mundo de vítimas. Quem estude os conflitos do sexo, na atualidade da Terra, admitindo a civilização em decadência, tão só examinando as absurdidades que se praticam em nome do amor, ainda não entendeu que os problemas do equilíbrio emotivo são, até agora, de todos os tempos, na vida planetária.

As Leis do Universo esperar-nos-ão pelos milênios afora, mas terminarão por se inscreverem, a caracteres de luz, em nossas próprias consciências. E essas Leis determinam amemos os outros qual nos amamos. 

Para que não sejamos mutilados psíquicos, urge não mutilar o próximo. Em matéria de afetividade, no curso dos séculos, vezes inúmeras disparamos na direção do narcisismo e, estirados na volúpia do prazer estéril, espezinhamos sentimentos alheios, impelindo criaturas estimáveis e nobres a processos de angústia e criminalidade, depois de prendê-las a nós mesmos com o vínculo de promessas brilhantes, das quais nos descartamos em movimentação imponderada. Toda vez que determinada pessoa convide outra à comunhão sexual ou aceita de alguém um apelo neste sentido, em bases de afinidade e confiança, estabelece-se entre ambas um circuito de forças, pelo qual a dupla se alimenta psiquicamente de energias espirituais, em regime de reciprocidade.

Quando um dos parceiros foge ao compromisso assumido, sem razão justa, lesa o outro na sustentação do equilíbrio emotivo, seja qual for o campo de circunstâncias em que esse compromisso venha a ser efetuado. É dada a ruptura no sistema de permuta das cargas magnéticas de manutenção, de alma para alma, o parceiro prejudicado, se no dispõe de conhecimentos superiores na auto­defensiva, entra em pânico, sem que se lhe possa prever o descontrole que, muitas vezes, raia na delinquência. 

Tais resultados da imprudência e da invigilância repercutem no agressor, que partilhará das consequências desencadeadas por ele próprio, debitando-se-lhe ao caminho a sementeira partilhada de conflitos e frustrações que carreará para o futuro. Sabemos que a Justiça Humana comina punições para os atos de pilhagem na esfera das realidades objetivas, considerando a respeitabilidade dos interesses alheios; no entanto, os legisladores terrestres perceberão igualmente, um  dia,  que  a  Justiça  Divina  alcança também  os contraventores  da  Lei  do Amor  e  determina  se  lhes  instale  nas consciências  os reflexos do  saque  afetivo  que perpetram contra os outros. 

Daí procede a clara certeza de que não escaparemos das equações  infelizes  dos  compromissos  de ordem  sentimental, injustamente menosprezados,  que  resgataremos  em  tempo  hábil, parcela  a  parcela,  pela contabilidade dos princípios de causa e efeito. Reencarnados que estaremos sempre, nesse sentido, até exonerar o próprio espírito das mutilações e conflitos hauridos no clima da irreflexão, aprenderemos no corpo de nossas próprias manifestações ou no ambiente da vivência pessoal, através da penalogia sem cárcere aparente, que nunca lesaremos a outrem sem lesar a nós.

Autor: Emmanuel 
Psicografia de Chico Xavier

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